É sabido que quando as mulheres chegam à Menopausa, várias alterações hormonais ocorrem em nosso corpo. Um delas, e bem frequente, é a elevação da pressão arterial, por isso venho falar sobre esse assunto que envolve nossa microbiota.
Um estudo recente, de agosto de 2017, publicado na Nature Reviews de cardiologia (Beyond gut feelings: how the gut microbiota regulates blood pressure)nos mostra que a alta ingestão alimentar de frutas, vegetais e fibras está associada a níveis mais baixos de pressão arterial, além de diminuir o número de mortes por todas as causas. Consumir entre 375-500g/dia de frutas, legumes e vegetais, é o que recomendam.
Ácidos graxos de cadeia curta, como acetato e propionato, liberados pela fermentação da fibra pela microbiota intestinal estão ligados a níveis mais baixos de pressão arterial em modelos experimentais de hipertensão.
Um crescente corpo de literatura apóia o papel da microbiota intestinal no desenvolvimento e manutenção de níveis elevados de pressão arterial.
Evidências limitadas sugerem que a modulação da microbiota intestinal (como por meio de transplantes fecais ou o uso de antibióticos ou probióticos) pode ser uma nova abordagem terapêutica para o tratamento da hipertensão.
A composição da microbiota intestinal humana no cenário de níveis elevados de pressão arterial deve ser avaliada para determinar a natureza complexa da hipertensão essencial, visto que a microbiota intestinal pode interagir com o ambiente e o genoma do hospedeiro.
A hipertensão é o principal fator de risco para doenças cardíacas e acidente vascular cerebral, e estima-se que cause 9,4 milhões de mortes em todo o mundo a cada ano. A patogênese da hipertensão é complexa, mas fatores de estilo de vida, como dieta, são importantes contribuintes para a doença. O alto consumo dietético de frutas e hortaliças está associado à redução da pressão arterial e menor mortalidade cardiovascular. Uma relação crítica entre a ingestão dietética e a composição da microbiota intestinal tem sido descrita na literatura, e um crescente corpo de evidências apoia o papel da microbiota intestinal na regulação da pressão arterial. Nesta Revisão, vemos a descrição dos mecanismos pelos quais a microbiota intestinal e seus metabólitos, incluindo ácidos graxos de cadeia curta, óxido de trimetilamina e lipopolissacarídeos, atuam em alvos celulares para prevenir ou contribuir para a patogênese da hipertensão. Esses efeitos têm uma influência direta em tecidos como o rim, o endotélio e o coração. Finalmente, consideramos o papel da microbiota intestinal na hipertensão resistente, o possível efeito intergeracional da microbiota intestinal na regulação da pressão arterial e o promissor potencial terapêutico da modificação da microbiota intestinal para melhorar a saúde e prevenir doenças.
A ingestão de fibras alimentares: couve-flor, maçã, chuchu, vagem, repolho, promove uma maior taxa de sobrevivência de microorganismos que convertem esses prebióticos em AGCC (ácido graxo de cadeia curta) acetato, propionato e butirato, e este butirato, por sua vez, gera integridade do epitélio intestinal e consequentemente melhora a pressão arterial. Parece que comer vegetais é muito interessante ao cardiopata. Mas precisamos entender que o fígado entra na jogada.
Em outro estudo de 2018 "Implication of liver enzymes on incident cardiovascular diseases and mortality: A nationwide population-based cohort study", mostra que há uma relação íntima entre mortalidade por doença cardiovascular e o aumento de enzimas hepáticas AST, ALT e GAMA GT. Então quando essas transaminases estão alteradas, temos maior risco de mortalidade. A boa notícia é que existe como fazer o manejo dietético no intestino para melhorar essas enzimas hepáticas.
Essa imagem acima é muito auto-explicativa.
Quando a dieta é equivocada, muda a microbiota e altera a imunidade inata, e com isso, diminui a integridade intestinal e isso aumenta leaky-gut e se isso ocorre, aumenta a esteatose hepática, altera as enzimas AST, ALT e GGT e gera mais aterosclerose. Então se a relação aqui é entender o que pode acontecer no intestino e qual a influência no fígado e no coração, é importante entendermos que existe sim uma ligação íntima entre intestino, imunidade inata, dieta, microbiota e até mesmo o coração.
A escolha alimentar: vegetais, plantas, promoverão a saúde da microbiota. Embutidos, pizzas, bolo, queijo, carnes = DISBIOSE. E essa disbiose, vai alterar na proporção de acetato, propionato e butirato, que irão gerar aterosclerose e esteatose hepática não alcoólica. Existe uma relação íntima na causa do problema, onde a causa é a disbiose e o que promove a disbiose é a escolha alimentar equivocada.
Alguma vez já te convidaram para comer brócolis? Pois é...nunca, né? Normalmente os convite giram em torno de pizza, churrasco, guloseimas, sorveteria, e isso é o que causa os problemas de saúde na maioria das pessoas. É o se permitir aos finais de semana, achando que só no final de semana, não causará danos à saúde. Pode até ser que não cause em uma pessoa que não tenha pré-disposição. Mas não é o que costuma acontecer normalmente.
Costumo fazer as seguintes perguntas aos meus pacientes: o resultado dos esxames estão bons? Está com a composição corporal adequada, com baixo % de gordura? Se a resposta for sim, então está tudo bem. Lá de vez em quando, é exceção. Não é regra. O importante é ir monitorando como está o estado geral de saúde através dos sinais e sintomas e rastreamento metabólico, exames bioquímicos, e procurar SEMPRE manter um padrão alimentar equilibrado ou ainda, ciclar os vários tipos de dietas para promover saúde.
Aos poucos irei liberando mais conteúdo esclarecedor sobre Modulação Intestinal. Fique atento e inscreva-se para receber as novidades.
Um beijo pra você e até a proxima.
Luciana Oliveira - CRN 13862