A forma como preparamos nossos alimentos interfere muito no produto final, na qualidade do que estamos consumindo.
No corre-corre diário, é muito normal a procura por uma alimentação prática e rápida. Percebo ser, para muitas pessoas, cada vez mais difícil irem para a cozinha, seja por falta de tempo, de talento ou de vontade, principalmente depois de um dia longo de trabalho.
O perigo de não conseguirmos consumir todos os nutrientes necessários para nossa saúde através de uma alimentação saudável, começa a ser uma ameaça maior. Primeiro, porque normalmente, em nossa casa, não temos a variedade de alimentos que necessitamos para o corpo funcionar plenamente e prevenirmos doenças. Mas o perigo maior é não darmos a devida atenção à maneira que preparamos nossa refeição ou a reaquecemos, pois não comemos só alimentos crus. Para muitas pessoas é frequente o consumo de grelhados, de churrasco, porque, além de agradarem o paladar, assados, grelhados ou na brasa, eles não contêm tantas calorias quanto as preparações fritas, imersas em óleo saturado.
Muitas pessoas acabam chegando em casa, retiram uma refeição do freezer e levam ao microondas (na potência máxima) ou preferem o sabor "de empanado, de friturinhas" que a Air fryer reproduz, só que sem todas as calorias das frituras, aos alimentos assados em forno baixo, ou refogados em panela, porque é mais prático. Enquanto eles ficam finalizando ou aquecendo em altíssimas temperatuas, por um tempo maior que o necessário, elas vão fazer outras tarefas.
Não sou contra o microondas, bem pelo contrário, mas sou contra o excesso de calor e alta temperatura que expomos o alimento, pois quanto maior a temperatura, mais destrói seus nutrientes e potencializa a formação de AGEs (a geração dos produtos de glicação avançada – AGEs – é um dos principais mecanismos desencadeadores das doenças associadas ao diabetes mellitus, que incluem cardiopatia, retinopatia, neuropatia e nefropatia). Aqui em minha casa, quando aqueço os alimentos no microondas, SEMPRE, baixo a potência para pelo menos 80%.
Um estudo da Revista Científica Scielo, mostrou que métodos de preparo que utilizam temperaturas superiores a 170°C, como fritar em óleo ou ar, assar e grelhar, potencializam a formação de AGEs, enquanto a cocção dos alimentos sob temperaturas mais brandas, em torno de 100°C, por períodos curtos de tempo e com umidade, como o cozimento em água ou vapor, contribui para o menor conteúdo desses compostos tóxicos.
Verificou-se, no entanto, em todos os grupos, que a temperatura e o método de cocção foram mais críticos para a geração de AGEs que o tempo empregado no processamento. Isto foi evidente na análise dos valores mais altos de AGEs das amostras de peito de frango frito por oito minutos (73.896 U/g), quando comparadas com amostras cozidas por 1 hora (11.236 U/g).
Como saber com qual frequência podemos utilizar, mesmo que esporadicamente, eletrodomésticos como Air Fryer, pipoqueira elétrica, fornos combinados e microondas? A única maneira é ir monitorando nossa saúde através de exames, porque uma coisa é certa, o excesso de uso, do ocnsumo de alimentos neles preparados, causará um aumento no risco de desenvolver tais doenças. Então o ideal é deixar que o consumo realmente seja esporádico.
Na próxima vez que você for preparar sua refeição prefira saladas cruas (que contém antioxidantes que irão combater esses AGEs), claro que pode comer os legumes refogados e carnes refogadas, mas preparadas em fogo baixo ou utilizando um difusor de calor sob a panela, e se for comer fora, preste atenção aos grelhados que pensávamos ser uma alternativa saudável. São repletos de partículas pretas da alta temperatura da chapa. Repense sobre a air fryer, que pode ser saudável sob o ponto de vista de redução de gorduras e ajudar o emagrecimento, mas acabará deixando a pessoa doente se consumir alimentos nela elaborados com frequência.
Nossa saúde é noso maior patrimônio e, infelizmente, é só quando ficamos doentes é que damos maior valor.
Beijo da Nutri