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SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL - SII

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Por acaso, você tem tido diarreia alternada com intestino preso com frequência? Dor abdominal e gases? Pode ser SII.


A Síndrome do Intestino Irritável é uma doença de difícil diagnóstico por não ter um exame mais específico. De etiologia desconhecida, ainda não se sabe a origem dessa doença. Fatores ambientais como dieta, estilo de vida, exercícios e o próprio hospedeiro, que incluem motilidade intestinal, estresse, barreira intestinal e microbiota, contribuem com os sintomas da doença, portanto podemos considerar uma doença multifatorial que compromete a qualidade de vida.


O desequilíbrio da microbiota intestinal, a DISBIOSE, tem relação com SII, e um dos motivos ocorre devido ao eixo intestino-cérebro, pois sabemos que a microbiota se comunica com o cérebro e pode gerar desordens motoras, afetar o cólon e intestino delgado, com hipersensibilidade, dor abdominal e muitos gases.


Existem evidências que pode ser uma condição pós-inflamatória relacionada ao estresse, e cerca de 10 a 15% da população é afetada com sintomas de:

  • Desconforto
  • Distensão abdominal
  • Flatulência
  • Diarréia ou constipação
  • Oscilação entre prisão de ventre e diarreia
  • Fadiga
  • Queda de energia e rendimento ao longo do dia
  • Falta de disposição
  • Queda na imunidade
  • Dermatite atópica
  • Queda acentuada de cabelo

A SII vem com dor abdominal, em média 1x por semana durante 3 meses seguidos, associada com 2 ou + sintomas relacionados com a evacuação: mudança na frequência e/ou alteração na consistência das fezes, por no mínimo 6 meses, logicamente com a exclusão de outras doenças como a celíaca, Crohn, colite ulcerativa, etc.
É interessante pensarmos na SII como uma disfunção que vai alterar o ritmo intestinal como também comportamental. Estudo com camundongos mostrou que as bactérias intestinais têm influência no comportamento e às vezes o perfil da microbiota é semelhante, mas os compostos produzidos por elas mudam tanto a saúde intestinal quanto o comportamento, ou seja, nós somos o que as nossas bactérias produzem.

A microbiota aumenta a expressão de substâncias envolvidas na neuromodulação, ou seja, substâncias que "conversam" com nosso cérebro, como os neurotransmissores dopamina, serotonina, acetilcolina, noradrenalina e ácido gama amino-butirato (GABA). A absorção dessas substâncias (dependendo de qual for) terá impacto na sensibilidade e dor abdominal; outros produtos da fermentação como gases além do AGCC (ácido graxo de cadeia curta) também irão interferir na motilidade intestinal e na digestão, podendo resultar em desconforto dependendo das bactérias ali presentes e do que elas estão produzindo. A disbiose está relacionada com maior permeabilidade intestinal, por afetar a barreira intestinal, e essa condição aumenta a inflamação intestinal causada por um desequilíbrio do sistema imunológico e aumento de citocinas pró-inflamatórias (essa condição está presente nos pacientes com SII).

É interessante pensar em SII como uma disfunção funcional que vai alterar seu ritmo intestinal como também o comportamental. Estudos avaliaram essa teoria. Um deles feito com camundongos, observou que as bactérias intestinais têm influência no comportamento. O pesquisador transplantou fezes de camundongos saudáveis, SII com diarreia com e sem ansiedade para camundongos germfree (livre de microbiota) e monitorou a função intestinal e o comportamento desses camundongos que receberam o transplante de fezes. Os camundongos que receberam fezes do grupo com SII e diarreia apresentaram microbiota semelhante ao controle saudável, no entanto o perfil de metabólitos (produtos que as bactérias formaram após a fermentação) foram diferentes. Os camundongos da SII apresentaram o trânsito intestinal mais rápido do que os do grupo controle, com disfunção da barreira intestinal, ativação imune e comportamento de ansiedade em relação ao controle, ou seja, as vezes os perfil da microbiota é semelhante, mas os compostos que elas produzem mudam tanto a saúde intestinal quanto o comportamento. Esse estudo nos mostra que não basta focar somente nos tipos de bactérias, mas sim, no que elas produzem. 

A SII foi relacionada com diminuição da diversidade de bactérias e aumento da razão entre os filos de firmicutes e Bacteroidetes, diminuição de Lactobacillus e Bifidobactéria e aumento de Clostridium, streptococcus e Ruminococcus. Cada sintoma também está relacionado a gêneros de bactérias específicos, por exemplo, a abundância de Parabacteroides foi associada com distensão abdominal e gases. 

Esses pacientes apresnetam muito desconforto com a alimentação, tudo o que comem acaba agravado os sintomas como distensão abdominal, gases e alteração do trânsito intestinal, e é comum que eles tenham mais intolerâncias alimentares principalmente com lácteos e derivados, grãos e algumas gorduras. A microbiota intestinal fermenta os alimentos de maneira diferente, sendo mediadora do efeito da dieta nesses pacientes e podendo contribuir com os sintomas da doença e aumentar as sensibilidades. 

Amanhã vou falar um pouco como deve ser a alimentação para a Síndrome do Intestino Irritável.

Até lá e ótima semana pra você!


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